123º ANIVERSÁRIO HOJE 13/06/2011
Às três horas e vinte minutos da tarde de 13 de Junho de 1888 nasce em Lisboa Fernando Pessoa. O parto ocorreu no
quarto andar direito do n.º 4 do Largo de São Carlos, em frente à ópera de
Lisboa (Teatro de São
Carlos). De famílias da pequena aristocracia, pelos lados paterno e
materno, o pai,Joaquim de
Seabra Pessoa (38),
natural de Lisboa, era funcionário público do Ministério da Justiça e crítico
musical do «Diário de
Notícias». A mãe, D. Maria
Magdalena Pinheiro Nogueira Pessoa (26),
era natural dos Açores (mais propriamente, da Ilha Terceira). Viviam com eles a avó Dionísia, doente mental,
e duas criadas velhas, Joana e Emília.
O poeta, pelo lado paterno, tem as suas raízes familiares no
concelho de Arouca,
nas freguesias do denominado «Fundo do Concelho» de Arouca.[2].
Fernando António foi baptizado em 21 de Julho na
Basílica dos Mártires, ao Chiado,
tendo por padrinhos a Tia Anica (D. Ana Luísa Pinheiro Nogueira, tia materna) e
o General Chaby. A escolha do nome homenageia Santo António:
a família reclamava uma ligação genealógica com Fernando de Bulhões, nome de baptismo de Santo António, tradicionalmente
festejado em Lisboa a 13 de Junho, dia em que Fernando Pessoa nasceu.
As suas infância e adolescência foram marcadas por factos que o
influenciariam posteriormente. Às cinco horas da manhã de 24 de Julho de1893,
o pai morreu, com 43 anos, vítima de tuberculose. A morte foi anunciada no Diário de Notícias do
dia. Fernando tinha apenas cinco anos. O irmão Jorge viria a falecer no ano seguinte,
sem completar um ano. A mãe vê-se obrigada a leiloar parte da mobília e muda-se
para uma casa mais modesta, o terceiro andar do n.º 104 da Rua de São Marçal.
Foi também neste período que surgiu o primeiro heterónimo de
Fernando Pessoa, Chevalier de Pas, facto relatado pelo próprio a Adolfo Casais
Monteiro, numa carta de 1935,
em que fala extensamente sobre a origem dos heterónimos. Ainda no mesmo ano,
escreve o primeiro poema, um verso curto com a infantil epígrafe de À Minha Querida
Mamã. A mãe casa-se pela segunda vez em 1895 por procuração, na Igreja de São
Mamede, em Lisboa, com o comandante João Miguel Rosa, cônsul de Portugal em Durban (África do Sul), que havia conhecido um ano antes. Em África,
onde passa a maior parte da juventude e recebe educação inglesa, Pessoa viria a
demonstrar desde cedo talento para a literatura.
Juventude em Durban
O padrasto e a mãe.
Em razão do casamento, viaja com a mãe para Durban, acompanhados
por um tio-avô, Manuel Gualdino da Cunha, que voltaria para Lisboa no mês
seguinte. Viajam no navio Funchal até à Madeirae
depois no paquete Inglês Hawarden Castle até ao Cabo da Boa Esperança. Faz a instrução
primária na escola de freiras irlandesas da West Street, onde fez a primeira
comunhão, e percorre em dois anos o equivalente a quatro.
Em 1899 ingressa no Liceu de Durban, onde permanecerá durante
três anos e será um dos primeiros alunos da turma. No mesmo ano, cria o
pseudónimo Alexander Search, através do qual envia cartas a si mesmo. No
ano de 1901,
é aprovado com distinção no primeiro exame Cape
School High Examination e
escreve os primeiros poemas em inglês. Na mesma altura, morre sua irmã Madalena
Henriqueta, de dois anos. Em 1901 parte com a família para Portugal,
para um ano de férias. No navio em que viajam, o paquete König, vem o corpo da
irmã. Em Lisboa, mora com a família em Pedrouços e depois na Avenida de D.
Carlos I, n.º 109, 3.º Esquerdo. Na capital portuguesa, nasce João Maria,
quarto filho do segundo casamento da mãe de Pessoa. Viaja com a família àIlha Terceira, nos Açores, onde vive a família materna.
Deslocam-se também a Tavira para visitar os parentes paternos.
Nessa época, escreve o poema Quando ela passa.
Tendo de dividir a atenção da mãe com os filhos do casamento e com
o padrasto, Pessoa isola-se, o que lhe propicia momentos de reflexão.
Tendo recebido uma educação britânica, que lhe proporcionou um
profundo contacto com a língua inglesa, os seus primeiros textos e estudos foram em
inglês. Mantém contacto com a literatura inglesa através de autores como Shakespeare, Edgar Allan Poe, John Milton,Lord Byron, John Keats, Percy Shelley, Alfred Tennyson, entre outros. O Inglês teve grande destaque
na sua vida, trabalhando com o idioma quando, mais tarde, se torna
correspondente comercial em Lisboa, além de o utilizar em alguns dos seus
textos e traduzir trabalhos de poetas ingleses, como O Corvo e Annabel Lee de Edgar Allan Poe. Com excepção de Mensagem, os únicos livros publicados em vida são os das
colectâneas dos seus poemas ingleses: Antinous
e 35 Sonnets e English Poems I - II e III,
editados em Lisboa, em 1918 e 1921.
Pessoa aos seis anos.
Fernando Pessoa permanece em Lisboa, enquanto todos — mãe,
padrasto, irmãos e criada Paciência, que viera com ele — regressam a Durban.
Volta sozinho para a África no vapor Herzog. Matricula-se na Durban Commercial School,
escola comercial de ensino nocturno, enquanto de dia estuda as disciplinas
humanísticas para entrar na universidade. Nesse período, tenta escrever contosem
inglês, alguns dos quais com o pseudónimo de David Merrick, que deixa inacabados.
Em 1903,
candidata-se à Universidade do Cabo da Boa Esperança. Na prova de exame de
admissão, não obtém boa classificação, mas tira a melhor nota entre os 899
candidatos no ensaio de estilo inglês. Recebe por isso o Queen Victoria Memorial Prize («Prémio Rainha Vitória»). Um ano
depois, ingressa novamente na Durban High School, onde frequenta o equivalente
a um primeiro ano universitário. Aprofunda a sua cultura, lendo clássicos
ingleses e latinos. Escreve poesia e prosa em inglês, surgindo os heterónimos
Charles Robert Anon e H. M. F. Lecher. Nasce a sua irmã Maria Clara. Publica no
jornal do liceu um ensaio crítico intitulado Macaulay.
Por fim, encerra os seus bem sucedidos estudos na África do Sul com o
«Intermediate Examination in Arts», na Universidade, obtendo uma boa
classificação.
Volta
definitiva a Portugal e início de carreira
Retratado por João L.
Roth
Deixando a família em Durban, regressa definitivamente à capital
portuguesa, sozinho, em 1905.
Passa a viver com a avó Dionísia e as duas tias na Rua da Bela Vista, n.º 17. A
mãe e o padrasto regressam também a Lisboa, durante um período de férias de um
ano em que Pessoa volta a morar com eles. Continua a produção de poemas em
inglês e, em 1906,
matricula-se no Curso Superior
de Letras(actual Faculdade de
Letras da Universidade de Lisboa), que abandona sem
sequer completar o primeiro ano. É nesta época que entra em contato com
importantes escritores portugueses. Interessa-se pela obra de Cesário Verde e
pelos sermões do Padre António Vieira.
Em Agosto de 1907,
morre a sua avó Dionísia, deixando-lhe uma pequena herança, com a qual monta
uma pequena tipografia, na Rua da Conceição da Glória, 38-4.º, sob o nome de
«Empreza Ibis — Typographica e Editora — Officinas a Vapor», que rapidamente
faliu. A partir de 1908,
dedica-se à tradução de correspondência comercial, uma actividade a que
poderíamos dar o nome de "correspondente estrangeiro". Nessa
profissão trabalha a vida toda, tendo uma modesta vida pública.
Inicia a sua atividade de ensaísta e crítico literário com o artigo
«A Nova Poesia Portuguesa Sociologicamente Considerada», a que se seguiriam
«Reincidindo…» e «A Nova Poesia Portuguesa no Seu Aspecto Psicológico»
publicados em 1912 pela revista A Águia, órgão da Renascença Portuguesa. Frequenta a
tertúlia literária que se formou em torno do seu tio adoptivo, o poeta, general
aposentado Henrique Rosa, no Café A Brasileira, no Largo do Chiado em Lisboa. Mais tarde, já nos
anos vinte, o seu café preferido seria o Martinho da Arcada, na Praça do Comércio,
onde escrevia e se encontrava com amigos e escritores.
Em 1915 participou na revista literária Orpheu, a qual lançou o movimento modernista em Portugal,
causando algum escândalo e muita controvérsia. Esta revista publicou apenas
dois números, nos quais pessoa publicou em seu nome, bem como com o heterónimo Álvaro de Campos. No segundo número da Orpheu, Pessoa assume a direcção da revista, juntamente
com Mário de Sá-Carneiro.
Em Outubro de 1924, juntamente com o artista plástico Ruy Vaz,
Fernando Pessoa lançou a revista Athena,
na qual fixou o «drama em gente» dos seus heterónimos, publicando poesias de Ricardo Reis, Álvaro de
Campos e Alberto Caeiro, bem como do ortónimo Fernando
Pessoa.
Pessoa foi internado no dia 29 de Novembro de 1935,
no Hospital de São Luís dos Franceses, com diagnóstico de "cólica
hepática", provavelmente uma colangite aguda causada por cálculo biliar e
associada a cirrose hepática com origem no óbvio excesso de álcool
ao longo da sua vida (a título de curiosidade: acredita-se que era muito fiel à aguardente "Águia
Real"). Morre no dia 30 de Novembro, com 47 anos de idade. Nos últimos momentos de
vida, pede os óculos e clama pelos seus heterónimos. A sua última frase foi
escrita no idioma no qual foi educado, o Inglês: «I know not what tomorrow will
bring» (Não sei o que o amanhã trará).[3]
Legado
O espólio de Pessoa: a
célebre arca, contendo mais de 25000 páginas, e a «biblioteca inglesa».
Pode-se dizer que a vida do poeta foi dedicada a criar e que,
de tanto criar, criou outras
vidas através dos seus heterónimos, o que foi a sua principal
característica e motivo de interesse pela sua pessoa, aparentemente muito
pacata. Alguns críticos questionam se Pessoa realmente teria transparecido o
seu verdadeiro eu ou se tudo não teria passado de um
produto, entre tantos, da sua vasta criação. Ao tratar de temas subjectivos e
usar a heteronímia,[4] torna-se
enigmático ao extremo. Este fato é o que move grande parte das buscas para
estudar a sua obra. O poeta e crítico brasileiro Frederico Barbosadeclara que Fernando Pessoa foi "o
enigma em pessoa".[5] Escreveu
sempre, desde o primeiro poema aos sete anos, até ao leito de morte.
Importava-se com a intelectualidade do homem, e pode-se dizer que a sua vida
foi uma constante divulgação da língua portuguesa: nas próprias palavras do
heterónimo Bernardo Soares, "a minha pátria (sic)
é a língua portuguesa". O mesmo empenho é patente no seguinte
poema:
Tenho o
dever de me fechar em casa no meu espírito e trabalhar
quanto
possa e em tudo quanto possa, para o progresso da
civilização
e o alargamento da consciência da humanidade
|
—
|
Última residência do
poeta, actual Casa Fernando Pessoa.
Analogamente a Pompeu,
que disse que "navegar é preciso; viver não é preciso", Pessoa diz,
no poema Navegar é
Preciso, que "viver não é necessário; o que é necessário é
criar". Outra interpretação comum deste poema diz respeito ao fato de a
navegação ter resultado de uma atitude racionalista do mundo ocidental: a
navegação exigiria uma precisão que a vida poderia dispensar.
O poeta mexicano Octavio Paz, laureado com o Nobel de Literatura, diz que
"os poetas não têm biografia. A sua obra é a sua biografia" e que, no
caso de Fernando Pessoa, "nada na sua vida é surpreendente — nada, excepto
os seus poemas". Em The
Western Canon, Harold Bloom incluiu-o
entre os cânones ocidentais, no capítulo Borges, Neruda e Pessoa: o Whitman
Hispano-Português(pg. 451, 1995).
Na comemoração do centenário do nascimento de Pessoa, em 1988,
o seu corpo foi trasladado para o Mosteiro dos Jerónimos, confirmando o
reconhecimento que não teve em vida.
Pessoa e o ocultismo
O mago Aleister Crowley
e Pessoa em Lisboa, em Setembro de 1930.
Fernando Pessoa interessava-se pelo ocultismo e pelo misticismo, com destaque para a Maçonaria e a Rosa-Cruz (embora não se lhe conheça qualquer
filiação concreta em Loja ou Fraternidade dessas escolas de pensamento),
havendo inclusive defendido publicamente as organizações iniciáticas noDiário de Lisboa (4 de Fevereiro de 1935),
contra ataques por parte da ditadura do Estado Novo. O seu poema hermético mais
conhecido e apreciado entre os estudantes de esoterismo intitula-se
"No Túmulo de
Christian Rosenkreutz". Tinha o hábito de fazer consultas astrológicas para
si mesmo (de acordo com a sua certidão de nascimento, nasceu às 15h20,
tinha ascendente Escorpião e o Sol emGémeos).[6] Realizou
mais de mil horóscopos.
Apreciava também o trabalho do famoso ocultista Aleister Crowley, tendo inclusive traduzido o poemaHino a Pã.
Certa vez, lendo uma publicação inglesa de Crowley, encontrou erros no
horóscopo e escreveu-lhe para o corrigir. Os seus conhecimentos de astrologia impressionaram
Crowley e, como este gostava de viagens, foi a Portugal conhecer o poeta.[7] Acompanhou-o
a maga alemã Miss Hanni Larissa
Jaeger,[8]. O encontro entre Pessoa e Crowley ocorreu com algum
sensacionalismo, dado o Poeta Inglês ter simulado o seu suicídio na Boca do
Inferno, o que atraiu várias polícias Europeias e a atenção dos média da época.
Pessoa estaria dentro da encenação, tendo combinado com Crowley a notificação
dos jornais e a redacção de um "romance policiário" cujos direitos
reverteriam a favor dos dois poetas. Apesar de ter escrito várias dezenas de
páginas, essa obra de ficção nunca foi concretizada[9]
Ficha pessoal
Ficha pessoal (também referida como "Nota
autobiográfica", que não é), intitulada no original "Fernando Pessoa",
dactilografada e assinada pelo escritor em 30 de Março de 1935.
Publicada pela primeira vez, muito incompleta, como introdução ao poema À memória do Presidente-Rei Sidónio
Pais, editado pela Editorial Império em 1940.
Publicada em versão integral em Fernando
Pessoa no seu Tempo, Biblioteca Nacional, Lisboa, 1988, pp. 17–22.
FERNANDO PESSOA
Nome completo: Fernando António
Nogueira Pessoa.
Idade e naturalidade: Nasceu em Lisboa,
freguesia dos Mártires, no prédio n.º 4 do Largo de S. Carlos (hoje do
Directório) em 13 de Junho de 1888.
Filiação: Filho legítimo de
Joaquim de Seabra Pessoa e de D. Maria Madalena Pinheiro Nogueira. Neto paterno
do general Joaquim António de Araújo Pessoa, combatente das campanhas liberais,
e de D. Dionísia Seabra; neto materno do conselheiro Luís António Nogueira,
jurisconsulto e Director-Geral do Ministério do Reino, e de D. Madalena Xavier
Pinheiro. Ascendência geral: misto de fidalgos e judeus.
Estado civil: Solteiro.
Profissão: A designação mais
própria será "tradutor", a mais exacta a de "correspondente
estrangeiro" em casas comerciais. O ser poeta e escritor não constitui
profissão, mas vocação.
Morada: Rua Coelho da Rocha,
16, 1º. Dto. Lisboa. (Endereço postal - Caixa Postal 147, Lisboa).
Funções sociais que tem
desempenhado: Se por isso se entende cargos públicos, ou funções de destaque,
nenhumas.
Obras que tem publicado: A obra está essencialmente
dispersa, por enquanto, por várias revistas e publicações ocasionais. É o
seguinte o que, de livros ou folhetos, considera como válido: "35
Sonnets" ((em inglês)), 1918; "English Poems I-II" e "English
Poems III" (em inglês também), 1922; livro "Mensagem", 1934,
premiado pelo "Secretariado de Propaganda Nacional" na categoria
Poema". O folheto "O Interregno", publicado em 1928 e
constituído por uma defesa da Ditadura Militar em Portugal, deve ser
considerado como não existente. Há que rever tudo isso e talvez que repudiar
muito.
Educação: Em virtude de,
falecido seu pai em 1893, sua mãe ter casado, em 1895, em segundas núpcias, com
o Comandante João Miguel Rosa, Cônsul de Portugal em Durban, Natal, foi ali
educado. Ganhou o prémio Rainha Vitória de estilo inglês na Universidade do
Cabo da Boa Esperança em 1903, no exame de admissão, aos 15 anos.
Ideologia Política: Considera que o
sistema monárquico seria o mais próprio para uma nação organicamente imperial
como é Portugal. Considera, ao mesmo tempo, a Monarquia completamente inviável
em Portugal. Por isso, a haver um plebiscito entre regimes, votaria, embora com
pena, pela República. Conservador do estilo inglês, isto é, liberal dentro do
conservantismo, e absolutamente anti-reaccionário.
Posição religiosa: Cristão gnóstico e
portanto inteiramente oposto a todas as igrejas organizadas e, sobretudo, à
Igreja Católica. Fiel, por motivos que mais adiante estão implícitos, à
Tradição Secreta do Cristianismo, que tem íntimas relações com a Tradição
Secreta em Israel (a Santa Kabbalah) e com a essência oculta da Maçonaria.
Posição iniciática: Iniciado, por
comunicação direta de Mestre a Discípulo, nos três graus menores da Ordem dos
Templários de Portugal.
Posição patriótica: Partidário de um
nacionalismo místico, de onde seja abolida toda a infiltração católico-romana,
criando-se, se possível for, um sebastianismo novo que a substitua
espiritualmente, se é que no catolicismo português houve alguma vez
espiritualidade. Nacionalista que se guia por este lema: "Tudo pela
Humanidade; nada contra a Nação".
Posição social: Anti-comunista e
anti-socialista. O mais deduz-se do que vai dito acima.
Resumo de estas últimas
considerações: Ter sempre na memória o mártir Jacques de Molay, Grão-Mestre dos
Templários, e combater, sempre e em toda a parte, os seus três assassinos - a
Ignorância, o Fanatismo e a Tirania.
Lisboa, 30 de Março de 1935 [em várias
edições está 1933, por lapso]
Fernando Pessoa [assinatura autografa]